Ambulantes enfrentam dificuldades e não têm lucro em praias do Rio, que permite venda, mas proíbe banhista na areia

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Mauri Arnold perdeu um dia de trabalho na última quinta-feira (6). Vendedor ambulante, ele voltou a percorrer as praias do Leme e de Copacabana desde que a Prefeitura autorizou, no dia primeiro, o retorno de quem tira o sustento da venda nas areias O decreto municipal liberou os ambulantes e o banho de mar — mas não a permanência na areia. Logo, praticamente não há clientes.

“(Não vendi) Nada. Não está dando pra vender nada”, resume ele.

Mauri está com o aluguel atrasado e também à espera do Auxílio Emergencial. O benefício exige internet para os candidatos e vem sendo alvo de fraudes e de reclamações.

“Eu não tenho celular, estou para tirar a terceira prestação (do Auxílio) em setembro. É só (o dinheiro da) alimentação o que tenho”.

Quem depende do ganha-pão nas praias vazias, explica o vendedor de mate Marcos, precisa dar um “jeitinho”.

“A gente é ambulante da antiga, a gente faz um improviso, né? A gente vai caminhando, tem um pessoal que vai ali, toma um banho de mar, para. Aí eu vou, vendo um matezinho ali, vendo um biscoitinho e assim a gente vai vivendo. Tá complicado”, confessa.

Praia de Ipanema, no Rio — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Praia de Ipanema, no Rio — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Cláudio Ventura vende salgados árabes. Ele aponta para os poucos banhistas que desobedecem a lei da mesma Prefeitura que lhe permite vender, os únicos fregueses possíveis na areia.

“Tà vendo essas pessoas, essa meia dúzia aí? Alguns deles compram”.

Naquela tarde, durante pouco mais de uma hora nem a Polícia Militar, nem a Guarda Municipal retiraram os banhistas da faixa de areia. Quando isso acontece, lá se vão os potenciais clientes de Sérgio Placência.

“Aí vem o guarda, tira e fica esse troço de formiguinha. A gente vai, vende, para. Meu faturamento era de R$ 2 mil, R$ 2,3 mil. Mês passado eu tirei R$ 500, só para você ver o nível. Mas, se a gente for analisar, cara, não é nem para abrir (o isolamento social). Vamos falar sério. Não é nem para abrir. Uma porrada de gente morrendo”.

A sensação dos ambulantes que insistem em trabalhar debaixo de sol para uma clientela quase escassa é resumida por Leonardo Olimpio, que garante vender o melhor biscoito polvilho de toda a orla.

“A gente tem que vir e arriscar o dia a dia né, cara? Trabalhar, né, pra sustentar a família. Senão fica difícil, como é que a gente vai viver? Qualquer R$ 70, R$ 80, R$ 50 está valendo. Em casa não vai ganhar nada”.

Por quase três horas, Geovani da Silva Barbosa vendeu apenas quatro garrafas de água mineral em Copacabana. A venda de bebidas alcoólicas na areia também está proibida.

“Graças a Deus a gente não pegou essa doença, né? Só de não pegar já tá muito bom, muita gente morreu”.

 

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