Caixas misteriosas voltam a aparecer em praias de Ipojuca, no litoral de Pernambuco

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Segundo professor Clemente Junior, da UPE, a mesma corrente que transportou o óleo levou fardos de látex. Prefeitura diz que material é semelhante ao encontrado em 2018.

“Caixas misteriosas” voltaram a aparecer nas praias de Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco. Segundo a prefeitura, 14 fardos “do mesmo tipo do material localizado em 2018” foram localizados entre a semana passada e esta segunda (29). O professor Clemente Coelho Júnior, da Universidade de Pernambuco (UPE), informou que eles chegaram com a corrente sul equatorial, a mesma que transportou as manchas de óleo, em setembro de 2019.

Os primeiros fardos apareceram no litoral pernambucano em outubro de 2018. Eram cerca de 40 unidades, segundo o município.

A prefeitura informou, nesta segunda (29), que, na época, a investigação da Polícia Federal (PF) apontou que se tratava de látex natural. Seria uma matéria-prima utilizada na indústria da borracha, especialmente na produção de pneus e luvas de proteção.

Diante do novo aparecimento das caixas, o professor Clemente Júnior, do Instituto de Ciências Biológicas da UPE, disse que a chegada do inverno agitou a correnteza e provocou o retorno dos fardos. Segundo ele, o material foi observado nas praias de Cupe e Muro Alto.

As caixas parecem compactas, feitas de um tipo de tecido, com cerca de 1metro cúbico. Segundo Clemente, o “tecido viscoso molhado”, na verdade, é borracha, látex extraído de seringueiras. O material foi visto, também neste ano, em João Pessoa, na Paraíba.

“São prensados de látex que servem como matéria prima na fabricação de pneus, preservativos, luvas, botas e materiais emborrachados. Uma borracha que passa por um processo industrial”, explicou Clemente.

Segundo o professor, o material é tratado com compostos que podem ser nocivos. Por isso, existe a recomendação é que não mexam nos fardos e comuniquem ao órgão ambiental devido para que sejam retirados da areia. O material pode ser levado para um aterro sanitário ou ser reutilizado.

“Esses fardos começaram a aparecer em setembro de 2018 em Alagoas, mas se espalhou pelo Nordeste. Veio com a corrente sul equatorial, a mesma que trouxe as manchas de óleo em setembro de 2019. Eles já foram encontrados no Piauí e no Rio Grande do Norte”, contou o professor.

Ainda segundo Clemente, a chegada do inverno tem forte influência no novo aparecimento dos fardos. “Eles vêm com correntes e estão surgindo agora por causa de uma agitação em função do inverno. São ventos mais fortes e correnteza. Esse material estava no fundo do oceano e voltou a ser ‘cuspido'”, explicou.

Prefeitura

Por meio de nota, a prefeitura de Ipojuca disse que se trata de um crime ambiental. Ainda de acordo com a administração municipal, o laudo da PF “sugere que o material descartado seja oriundo do Sudeste asiático em direção ao canal do Panamá e portos dos Estados Unidos, já que os principais países produtores deste material são a Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã”.

A prefeitura informou, ainda, que “apesar das evidências, desde 2018, entende que as investigações não avançaram e as caixas voltaram a aparecer sem nenhum tipo de marca que auxilie na origem da carga”.

Diante do surgimento das novas unidades, a prefeitura informou ter enviado um comunicado sobre à Marinha, à Capitania dos Portos e à Secretaria de Meio Ambiente de Pernambuco.

A Agência do Meio Ambiente do da cidade informou que “realiza monitoramento diário e pede reforço das autoridades neste monitoramento para além dos limites do município”.

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