Pelo calendário, o verão começa na madrugada deste domingo, à 1h19min. Mas o principal tempero da estação chegou antes. Desde meados de novembro, os calorões já têm marcado presença. E, para quem ainda não entrou em férias, ou mesmo para quem vai ficar por Porto Alegre durante a estação mais quente do ano, existem opções bem próximas e naturais para se refrescar.
Dois pontos no extremo sul da Capital proporcionam uma viagem semelhante a uma ida praia, principalmente, para quem mora em outras regiões da cidade. Intrincados nos confins dos bairros Lami e Belém Novo, estes balneários estão entre os poucos pontos do Guaíba onde é possível banhar-se nas águas. A calmaria das ondas — que nem de perto lembra o agitado mar gaúcho —, atrai famílias em busca de segurança para a criançada.
Nem os mais preocupados com os riscos da água precisam se preocupar: as praias balneáveis de Porto Alegre também contam com salva-vidas durante a alta temporada. Segundo o Corpo de Bombeiros (CBM-RS), os agentes já devem estar nas guaritas a partir deste sábado.
O agito nas margens do Guaíba já começou a movimentar os finais de semana nas praias da Capital. Porém, tradicionalmente, é depois do Réveillon que o povo começa a migrar em peso para estes pontos durante os ensolarados sábados e domingos. Nesta época, amplia-se também o número de comércios funcionando.
Apesar de Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) ainda não ter divulgado o primeiro relatório de balneabilidade, durante esta semana, a reportagem rodou pelos pontos clássicos do verão porto-alegrense e tirou a febre de moradores e comerciantes em relação à expectativa para a época do ano que mais deixa o extremo sul da Capital agitado. Apesar do movimento ainda tímido de banhistas, já havia gente aproveitando o refresco do Guaíba em plena quinta-feira à tarde.
Quase tudo pronto no Lami
Região balneável mais ao sul de Porto Alegre, a Praia do Lami está a cerca de 35 quilômetros do Centro Histórico. Dependendo da região da cidade de onde o visitante partir, a viagem pode superar uma hora de duração. Mas o destino compensa. A chegada à faixa de areia do Lami proporciona uma bela vista do Guaíba. O local conta com duas guaritas de salva-vidas, além de bares e restaurantes bem próximos da margem.
Para os menos chegados à areia, ainda é possível se instalar em outros pontos da chamada Orla do Lami. Ao longo da Avenida Beira Rio, uma faixa de grama com churrasqueiras, quiosques, bancos e banheiros está disponível para quem quiser aproveitar o clima de praia sem colocar os pés na areia.
Apesar de ser cercada por árvores na área de encontro com o Guaíba, esta parte da orla tem pequenos acessos à água, permitindo a quem se instalar ali o acesso ao lago. Estas áreas também contam com guarita de salva-vidas.
Durante a semana, com o movimento mais calmo, quem mora pela região aproveita para caminhar, passear com os cachorros ou aproveitar o espaço ao ar livre.
Foi buscando essa tranquilidade que o jardineiro aposentado José Antônio Viegas, 67 anos, e a dona de casa Maria de Lourdes, 60 anos, mudaram-se para o Lami. Casados há 11 anos, eles estão há quatro meses no bairro. Para o casal, o clima da região é ótimo, assim como o agito dos finais de semana. A reclamação fica por conta dos preços nos comércios, que são mais altos do que em pontos menos afastados dos centros urbanos.
— Estamos sempre economizando, pois está complicado. Em breve, queremos ir para uma casa melhor. Se Deus quiser, vai ser por aqui mesmo, pois é um lugar ótimo de morar — projeta Maria.
Atividades
Frequentador do Lami há pelo menos 15 anos, o motorista Alessandro Grabinski, 31 anos, acredita que o local não está em seus melhores momentos. Para ele, o que mais faz falta no verão são as atividades esportivas e de recreação que eram promovidas em outros anos.
— Tínhamos campeonatos de vôlei, brinquedos para as crianças, muita coisa. Era todo final de semana, mas parou. Fico triste, pois era algo que movimentava a região ainda mais, principalmente, para os moradores que ficam sem ter muito o que fazer durante o resto do ano — critica Alessandro.
Além da faixa de areia, onde há uma concentração maior de comércios, outros poucos pontos atendem durante a semana na região da orla. O Parada Obrigatória Show Bar é um destes. Propriedade familiar, o singelo boteco é especializado na venda de bebidas. Antônio da Silva Lira, 51 anos, administra a venda junto do pai, Sandoval da Silva Lira, 76 anos.
— Ainda está meio parado, depois do Natal dá uma melhorada. E em janeiro fica ótimo — torce Antônio.
Como está a orla do Lami
- Limpeza: havia sinais de que equipes da prefeitura fizeram limpeza no local, porém, galhos de árvores estavam aguardando recolhimento.
- Infraestrutura: o calçadão está em boas condições _ além de ser acessível _, assim como os bancos e as churrasqueiras. A exceção fica por conta de churrasqueiras de alguns dos quiosques disponíveis na orla, que estão quebradas.
- Banheiros e chuveirinhos: existem sanitários funcionando com atendimento e limpeza de funcionários da prefeitura. Não é disponibilizado papel higiênico. Dos chuveirinhos testados pela reportagem, a maioria funcionou.
No Belém Novo, velhos problemas
Com poucos quilômetros a menos do que o Lami em relação ao Centro Histórico — são cerca de 27 quilômetros —, o bairro Belém Novo também é lar para outros pontos balneáveis de Porto Alegre. Normalmente, os pontos balneáveis da região ficam das Praias Veludo e Leblon, além das praças Almerindo Lima e José Comunal. A situação nas praças — onde ficam as churrasqueiras disponibilizadas ao público — estava mais complicada do que no Lami durante a visita da reportagem. Parte dos equipamentos estava quebrada ou sem um dos ferros para apoio dos espetos.
Diferentemente do Lami, onde há uma faixa de terra bem semelhante a uma praia de água salgada, no Belém os acessos ao Guaíba está próximos de gramados ou pedras. E longe da área onde estão as praças, a infraestrutura é quase nula, não há bancos, lixeiras ou calçadas. A região das praias do Veludo e Leblon, inclusive, é acessada por uma estrada de chão.
Refúgios
É num destes pequenos refúgios que a família da promotora de vendas Daniele Silva, 27 anos, busca se divertir. Na companhia do marido, o auxiliar de produção Rodrigo Duarte, 28 anos, e dos filhos Luís Miguel, seis anos, e Laura, um ano e oito meses, ela costuma fincar bandeira na Praia do Leblon.
— Me criei aqui. Tirando os preços, que são mais altos do que na região central, o resto é ótimo. Já anda bem movimentado aos finais de semana, mas deve crescer ainda mais depois da virada do ano — aposta ela.
A expectativa de uma alta no faturamento também impacta os comerciantes. Dona de um restaurante ao lado da Praça José Comunal, Walquiria Viegas, 54 anos, aponta que o movimento costuma “aumentar 100%” durante o verão.
— Tem algumas empresas e muitos trabalhadores aqui, então sempre tem um movimento. Porém, no verão tem esse salto, pois é um público imenso que frequenta as praias — cita ela, que trabalha na região há 25 anos.
Como está a orla do Belém Novo
- Limpeza: a orla está limpa e havia presença de garis fazendo a varrição da Avenida Beira Rio.
- Infraestrutura: o calçadão do Belém Novo não é pavimentado, o que dificulta a mobilidade de pessoas com deficiência. Os bancos e os brinquedos da Praça José Comunal estão em bom estado. O problema maior é com parte das churrasqueiras, que está inutilizável.
- Banheiros e chuveirinhos: existem sanitários funcionando com atendimento e limpeza de funcionários da prefeitura. Não é disponibilizado papel higiênico. Dos chuveirinhos testados pela reportagem, a maioria funcionou.
Churrasqueiras novas e manutenção até março
Nos dois bairros que a reportagem circulou, na quinta-feira desta semana, os maiores problemas eram o estado de algumas churrasqueiras no Belém Novo e as condições de limpeza no calçadão da Orla do Lami.
A prefeitura explicou que desde esta sexta-feira estão sendo instaladas 22 novas churrasqueiras de concreto na Capital. Seis dessas peças foram instaladas na orla de Ipanema, outras serão colocadas no Belém Novo durante o mês de janeiro. As churrasqueiras foram construídas pelas equipes próprias da Unidade de Conservação e Manutenção, da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb). No final do ano passado, a prefeitura já havia reposto, pelo menos, 15 churrasqueiras de alvenaria nas orlas do Lami e Belém Novo.
Limpeza
Em relação à limpeza dos locais, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) planejou uma operação de limpeza para preparar os dois bairros para a temporada de verão. O serviço teve início no dia 1º de dezembro e permanece até março. Os trabalhos incluem roçada, capina, limpeza de praças e varrição. A varrição diária foi ampliada, passando a ser realizada também aos domingos.
Já a roçada, a capina e a limpeza praças de foram intensificadas para atendimento a cada 30 dias. No Belém Novo, estes serviços foram finalizados no dia 10 de dezembro. No bairro Lami, as melhorias chegam na próxima semana, a partir do dia 23. Serão capinados 58 quilômetros de calçadas e meio-fio na localidade.
Ainda há o funcionamento de seis banheiros públicos nos dois locais. São seis unidades, quatro no Lami e duas no Belém Novo. Elas ficam abertas das 9h às 21h, de 1º de dezembro de 2019 até 15 de março de 2020.
Em relação aos chuveirinhos da orla, equipes do Dmae realizaram vistoria na sexta-feira nas praias do Lami e Belém Novo para verificar o funcionamento destes equipamentos.
Como chegar de ônibus
Até 1º de março, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) mantém a Operação Verão no transporte coletivo. Confira as linhas disponíveis e seus trajetos:
/// Linha 398.7 — Pinheiro/Lami/ Verão: tabela aberta, de acordo com a demanda e saída da Parada 1 da Lomba do Pinheiro. Operação aos sábados, domingos e feriados.
/// 212 — Restinga Lami: tabela fixa, saída da avenida Nilo Wulff, bairro Restinga.
/// 269.3 — Praia Operação Veraneio: tabela aberta, com saída da avenida Salgado Filho, Centro, até o Lami, via Belém.
/// 269.4 — Operação Lami: tabela aberta, com saída da avenida Salgado Filho, Centro/Praia, via Estrada Edgar Pires de Castro.