Home office muda alta temporada nas praias

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Hospedagens e comércio veem movimento incomum para esta época do ano e ampliam oferta com produtos mais sofisticados

A movimentação que os novos turistas digitais trouxeram tem feito o comércio de muitas cidades crescer. “Maio, abril e junho sempre foram os piores meses por aqui, independentemente da pandemia”, conta Edson Campos Carvalho Júnior, dono da rede de supermercados Preço Bom, de Trancoso.

“Agora, é só uísque, champanhe, azeite caro e muçarela de búfala. Tivemos até de aumentar o mix de produtos para atender esse novo consumidor, que é mais exigente. E as vendas estão semelhantes às de um período pré-verão”, diz ele, que tem três lojas e abriu uma quarta em Caraíva, na mesma região. “E o movimento nessa nova loja está surpreendendo positivamente.”

Lugares mais no coração do Brasil também estão mudando de cara com os “migrantes digitais”. Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros, por exemplo, era para estar bem pacata e vazia nesta época do ano.

Desde o início da pandemia, porém, o município ganhou um ritmo diferente, com pessoas novas, conforme observa o brasiliense Mateus Leão, de 29 anos, dono da pousada Capim Canoa. “Nessa época do ano, a cidade estava bem mais vazia. Agora está tudo lotado.” Sua pousada tem quatro “flats” e duas casas de aluguel. Todas ocupadas no momento.

Para atrair mais executivos e família em home office, ele decidiu investir na infraestrutura dos alojamentos. Além de aumetnar a capacidade da internet, melhorou a iluminação e equipou os imóveis com mesas e cadeiras de escritório. “Assim, conseguimos aliar uma boa estrutura para trabalho num ambiente que permite o contato com a natureza”, diz ele.

Nos restaurantes, que em outras cidades estão tendo muita dificuldade, o cenário é bem mais animador. “Hoje tem até fila de espera”, diz a geógrafa Mariana Pavezzi, moradora de Alto Paraíso de Goiás desde dezembro de 2018. Ela abriu seu restaurante de comida afetiva, o Benzim, no ano passado, após a quarentena. Não esperava que a receptividade fosse tão boa num período difícil como esse de coronavírus. Mas se surpreendeu.

“Recebemos novos moradores e o turismo está muito forte, o que tem impulsionado novos estabelecimentos no local, como lojas de artesanato e de equipamentos para caminhada”, conta ela, que dava aulas em Brasília e Goiânia. Ela deixou tudo para trás para vender bolo e doces na feira na pequena cidade de 6 mil habitantes. No ano passado, depois do lockdow do primeiro semestre, ela viu a oportunidade que tanto esperava. Com o fechamento de vários estabelecimentos comerciais, conseguiu um imóvel na avenida principal da cidade para montar seu restaurante de comida afetiva.

Escritório na praia

Outro lugar que está movimentado é Trancoso. O movimento de jatinhos no aeroporto local não para. Executivos e empresários transformaram o balneário em uma espécie de “cidade-escritório”.

“Outro dia tinha um professor da Fundação Getúlio Vargas dando entrevista online ao vivo para uma rede de TV nacional, aqui do meu bar, com o mar de cenário”, conta Júnior Fernandes, proprietário do Flyclub Trancoso, uma das barracas de praia mais famosas do destino turístico.

Em anos normais, segundo ele, a barraca estaria fechada nos meses de maio e junho, fase de baixa temporada. “Agora, não tem mais isso. Fico aberto direto. É movimento de fim de semana e de segunda à sexta”, relata o comerciante.

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