Os municípios do Litoral Norte do RS atualizaram os protocolos do modelo de cogestão e poderão permitir a permanência do público na faixa de areia das praias mesmo em cidades classificadas em bandeira vermelha no modelo do distanciamento controlado. O plano foi aceito, após alguns ajustes, nesta quinta-feira (17), pelo governo do estado.
As novas regras valem para as regiões 4 e 5, que têm Capão da Canoa como referência, mas englobam 23 cidades.
Entre as medidas, está a autorização para ficar em locais públicos abertos como ruas, calçadas, parques, praças, faixa de areia, mar, lagoa, rio e similares. Para isso, algumas regras devem ser obedecidas, como o distanciamento interpessoal mínimo de 1 metro e uso obrigatório de máscara cobrindo boca e nariz.
“A cogestão permite adotar protocolos da bandeira inferior. Dentro deles, estavam ou mais restrito ou no mínimo igual a cada protocolo da bandeira laranja. Neste caso, são mais restritos. Eles colocaram um critério da [bandeira] vermelha, que é o decreto municipal pra coibir aglomeração”, afirma Leonardo dos Santos Lages, diretor da Secretaria de Articulação e Apoio aos Municípios.
O plano também exige que decretos municipais prevejam mecanismos para viabilizar a fiscalização. Segundo Lages, o plano contempla o aumento no fluxo de pessoas ao litoral no verão.
“Por isso se exige o comitê técnico. Cada região, tem sua particularidade”, comenta o diretor, que cita, ainda, que as associações municipais não encaminharam plano para bandeiras preta, laranja e amarela. Uma nova classificação ocorre nesta sexta (18) e será válida entre 22 e 28 de dezembro.
Praia de Tramandaí, no Litoral Norte, teve grande movimentação no feriado de 12 de outubro — Foto: Reprodução/RBS TV
Veja alguns dos principais pontos do novo plano de cogestão do litoral:
Nos segmentos que contemplem mais de uma atividade os protocolos de segurança devem ser obedecidos, assim como as portarias e decretos estaduais.
Pelo decreto do governo gaúcho que retomou a cogestão e modificou os protocolos de bandeira vermelha, o comércio de rua e os shoppings podem receber clientes até 22h e fechar as portas, obrigatoriamente, às 23h. A medida atende, principalmente, a demanda do setor varejista neste fim de ano.
“Temos que manter mais tempo de horário comercial para que haja menos aglomerações. A nossa pesquisa de compra de final de ano demonstrou que as pessoas vão comprar na última semana do Natal, como sempre, e vai haver acúmulo se não estendermos os horários um pouco mais nesses dias”, diz o presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn.
Porém, especialistas ponderam que o momento exige medidas mais rígidas. Para a médica Andréa Dal Bó, integrante da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia, o sistema de saúde está no limite.
“Não estamos perto do colapso, nós já estamos no colapso. Estamos evoluindo para um colapso de rede funerária, o que é pior, né? As pessoas vão continuar se agrupando, sem máscara, compartilhando utensílios como chimarrão, fazendo eventos em casa, e isso vai continuar disseminando a Covid-19. Eu sou a favor de medidas mais restritivas neste momento”, afirma.
Nesta quinta-feira, as regiões 4 e 5 estavam com 88,5% dos leitos de UTI ocupados nos sete hospitais da região, e havia apenas cinco leitos SUS disponíveis.