Com praias fechadas há quase 5 meses, barraqueiros relatam dificuldades em Salvador: ‘A gente precisa trabalhar’

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Donos e funcionários de barracas em Salvador relatam estar passando dificuldades por causa da interdição das praias, como medida de conter o avanço da pandemia do coronavírus. Na capital baiana, as praias estão fechadas desde 21 de março, há quase cinco meses.

Os barraqueiros trabalham com venda de alimentos e bebidas, além do aluguel de equipamentos, como cadeiras de praias e sombreiros. Trabalhando há 30 anos na região do Porto da Barra, Roberto Carlos fala sobre a dificuldade que está enfrentando.

“Estamos realmente passando por dificuldades, porque a gente não tem outros meios de ganhar dinheiro e depende muito aqui da praia. Tem todo um ciclo de pessoas que cercam a gente, que são os funcionários, as pessoas que dão suporte para gente no dia-a-dia. A gente está precisando realmente de uma posição do prefeito, das autoridades, para ver se podem fazer alguma coisa pela gente, como antecipar a abertura das praias”, relata ele.

“Eu sei que está complicado por causa dessa pandemia, mas tem que ter uma solução. Haver um meio de abrir a praia com algumas normas, algumas regras, para a gente poder voltar a desfrutar da praia e ganhar o nosso dinheirinho do dia-a-dia”, pediu Roberto Carlos.

A categoria de barraqueiros, que engloba donos de barracas e funcionários, está incluída no auxílio emergencial “Salvador por Todos”, benefício de R$ 270 criado pela prefeitura para dar um suporte aos trabalhadores da capital durante a pandemia.

No entanto, o dinheiro acaba não sendo suficiente para quitar as dívidas mensais, como por exemplo água e luz, e ainda a alimentação das famílias. Quem também fala sobre as dificuldades é o barraqueiro Carlos Roberto.

Há 45 anos trabalhando nas praias da capital baiana, ele conta que além de não ter o dinheiro do trabalho, por causa da interdição, ele também está acumulando dívidas de aluguel de um galpão, para guardar os materiais que aluga para os banhistas.

“Eu já estou devendo meses de aluguel à moça do quarto [galpão], e nossas coisas estão estragando, o cupim está comendo tudo, porque é de madeira e o cupim come. Sujeira, baratas, tudo isso aparece. A gente fica preocupado porque está tudo com bolor, com mofo. Já lavei duas vezes e a gente lava, mas não adianta, porque o local é muito úmido. O povo está sem saber o que fazer, as dívidas não param de chegar, as dívidas chegam todo mês. Água, luz, telefone… Tem que ter um suporte, porque senão a gente não tem o que fazer”, pontou.

“A gente precisa trabalhar. É a única coisa que a gente quer, trabalhar. Está complicado”, desabafou Carlos Roberto.

Volta das praias

Praias de Salvador foram interditadas no dia 21 de março — Foto: Reprodução/TV Bahia

Praias de Salvador foram interditadas no dia 21 de março — Foto: Reprodução/TV Bahia

O prefeito ACM Neto já falou em várias entrevistas coletivas que só irá definir protocolos para a reabertura das praias depois que a fase 3 de retomadas das atividades comerciais for ativada. Atualmente, Salvador está na fase 2 de reabertura, com a liberação de funcionamento de shoppings centers, academias, bares e restaurantes, etc.

Há uma semana, ele voltou a falar sobre a dificuldade no controle das praias e disse que o tamanho da faixa litorânea da capital se torna um desafio para a fiscalização.

“O controle das praias é um baita desafio para a gente, primeiro porque Salvador tem uma faixa litorânea muito extensa. Eu desejaria muito liberar a prática de atividades esportivas nas praias, que é uma reivindicação de muitos, mas não temos como controlar lojas, shoppings, lojas, restaurantes, bares, academias, barbearias, salões de beleza, e tudo que está funcionando em Salvador, e ainda ter um controle sobre a extensão de praias da capital. São 64 km, se contarmos com as ilhas. É impossível agora”, disse ACM Neto na ocasião.

“Como se controla a faixa de praia que vai da ponta de São Tomé de Paripe, no subúrbio ferroviário, até a ponta já no limite com Lauro de Freitas, com tanta coisa para fiscalizar?”, questionou o prefeito ACM Neto.

 

 

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