Descubra os destinos mais procurados pelos viajantes do Brasil nos últimos meses

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Nordeste nunca saiu da preferência dos turistas, mas locais próximos dos centros urbanos também viraram tendência, como as viagens de carro e o turismo home office

Salvador (BA), Maceió (AL) Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) foram os destinos mais comercializados em 2020, segundo dados do anuário da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), divulgado na terça-feira passada. O crescimento dos destinos nacionais já era tido como uma tendência nas viagens, principalmente depois que muitos países fecharam as fronteiras. No ano passado, ainda segundo a Braztoa, as viagens nacionais representaram 77% do faturamento de seus 42 associados.

Para Marina Figueiredo, vice-presidente da Braztoa, a procura pelo doméstico só não cresceu mais por conta da oferta da malha aérea, que reduziu significativamente entre abril e setembro. Como antes da pandemia, a região Nordeste seguiu na preferência dos viajantes, com 13,6%, seguido da Sudeste (12,4%), Centro-Oeste (3%) e Norte (1,1%). “Tradicionalmente, o Nordeste sempre foi responsável por 70% das vendas dos associados”, reforça Marina.

Buscas
A mesma tendência pode ser detectada no site de buscas Google – entre as palavras-chave relacionadas ao termo “viajar” que aparecem com mais frequência estão os destinos Porto de Galinhas, Fernando de Noronha (PE) e Arraial do Cabo (RJ). As palavras “Gramado”, “Maragogi” e “Caldas Novas” surgem no buscador quando a pesquisa é relacionada ao termo “turismo”. O levantamento foi realizado nos últimos 120 dias pelo portal O TEMPO utilizando ferramentas do Google Trends, SEMRush e páginas de resultado do buscador.

A capital baiana – que aparece entre as três primeiras colocadas da lista da Braztoa como o destino mais procurado pelos brasileiros em 2010 – também está incluída no ranking das plataformas Decolar e Booking.com. Já Maceió encabeça os destinos mais procurados na CVC nos últimos 12 meses. Segundo dados da operadora, as reservas para destinos nacionais no último trimestre de 2020 ficaram 72,9% superiores às do terceiro trimestre. Foram embarcados 2 milhões de passageiros no quarto trimestre, contra 845 mil no terceiro.

Pelourinho, em Salvador, para explorar a atração é preciso de tempo (foto: Pixabay)

Rio de Janeiro e São Paulo aparecem na terceira posição na preferência dos viajantes. “Os dois centros são bolhas de viagens”, define Marina Figueiredo. “Bolhas” é nova tendência surgida na pandemia, que consiste em viagens feitas por grupos do mesmo círculo de convivência e para lugares perto de casa. No caso do Rio e São Paulo, viagens de carro, respectivamente, para Região dos Lagos e Costa Verde e cidades do interior paulista, num raio de 400 km.

O crescimento da cidade do Rio de Janeiro como destino não surpreendeu nem um pouco Roberta Werner, diretora executiva do Rio Convention & Visitors Bureau, órgão de promoção e atração de eventos para o destino. Segundo ela, a cidade tem vocação natural para o turismo de lazer e as atividades ao ar livre. O setor hoteleiro também, enfatiza, investiu fortemente nos protocolos de higiene para garantir a segurança dos visitantes e em ações de promoções. “Historicamente, São Paulo e Minas são os principais destinos emissores para o Rio, reforçando a tendência na pandemia para o turismo de proximidade”, salienta.

Os números crescentes do turismo doméstico já eram acompanhados de perto pela Associação de Hotéis de Porto de Galinhas. “Neste ano, nenhum hotel fechou nem vai fechar. Permaneceremos funcionando, seguindo os protocolos. A ocupação em abril está cerca de 30% durante a semana e 40%, 50% nos finais de semana, com tendência de aumento para maio e junho. Nossa impressão é que teremos julho e o segundo semestre melhor que o de 2020”, afirma Otaviano Maroja, vice-presidente da entidade.

Vista aérea do Rio de Janeiro, porta de entrada para a Região dos Lagos e Costa Verde (Alexandre Macieira/Rio CVB/Divulgação)

Preços
Outro fator que também influenciou as viagens domésticas na pandemia é a queda nos preços. O valor do tíquete médio, que é quanto o viajante paga pelo pacote, segundo o Anuário Braztoa, foi o menor registrado em dez anos: R$ 978,87. Em 2010, o turista gastava, em média, R$ 1.058,13 em uma viagem, número que vinha crescendo progressivamente até 2019, quando se registrou R$ 1.520,77. Um dos motivos apontados para essa queda, segundo Marina Figueiredo, é a substituição das viagens de avião pelas de carro.

O comportamento do viajante também mudou. As viagens duram hoje, em média, de cinco a nove dias. A maioria dos viajantes prefere os pacotes que englobam apenas a parte terrestre, sem aéreo, e optam por pagamento parcelado em mais de cinco vezes no cartão de crédito ou no boleto. Destaca-se ainda que o grande aumento que o boleto obteve no último ano – 13% para 49% – pode ser explicado, segundo a Braztoa, pela aquisição das viagens a partir de financeiras ou através crédito direto com as operadoras.

Outra tendência que colaborou para o crescimento das viagens domésticas, apontada pela Braztoa, é o turismo de home office, em que hotéis e resorts oferecem aos hóspedes espaço de trabalho e estudo dentro de suas estruturas. É o que acontece hoje com os resorts. Dos 52 empreendimentos associados à Resorts Brasil, cerca de 40% aderiram à modalidade, entre eles o Portobello Resort & Safari, próximo a Mangaratiba, na Costa Verde.

Academia de Excelência
Para que esse “redescobrimento” do Brasil continue pós-pandemia e não seja freado com a reabertura das fronteiras internacionais, a Braztoa criou a Academia de Excelência, que  terá seu primeiro programa de aprendizagem, intitulado “Experiências Incríveis”, no dia 25 de maio, em parceria com a consultoria de tendências Amplia Mundo. O curso busca apresentar viagens ligadas à natureza, à gastronomia e à arte que se encaixem nesse momento de distanciamento exigido pela pandemia, com foco na valorização dos destinos nacionais.

“A proposta é uma renovação e criação de produtos diferenciados para que as pessoas tenham o desejo de viajar pelo Brasil”, explica Marina Figueiredo. Ela reconhece que o Brasil tem bons produtos de viagens, mas pouca variedade. “Se tiver uma oferta variada, quantidade e qualidade, tudo isso traduzido em viagens autênticas, a gente vai atrair muito mais turistas”, conclui. Ela cita como exemplo o Pelourinho, em Salvador, que pode ser vendido como um produto mais autêntico, aliado à gastronomia e à questão cultural.

 

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