Redução do turismo e fiscalização: as preocupações de prefeitos do Litoral Norte com o fechamento da beira-mar

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Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte (Shrbs-LN) questiona decreto do governo próximo da abertura da temporada de verão

A chegada de dezembro e do veraneio será marcada por praias fechadas no Litoral Norte pelos próximos 14 dias. Com isso, fica proibida a permanência na faixa de areia e em outros locais públicos sem controle de acesso. A medida, adotada pelo governo do Estado devido ao avanço do coronavírus, preocupa autoridades do Litoral, que pedem reforço no efetivo para a fiscalização. Além disso, há temor por nova recessão econômica e queda no turismo.

— É preciso reduzir os contatos e interações e, por isso, estamos buscando desestimular a reunião de grandes grupos — disse o governador Eduardo Leite, em entrevista ao Gaúcha Atualidade na manhã desta terça-feira (1º)

Nas praias, o calçadão será liberado para a prática de atividades físicas, mas a permanência na areia será proibida. A Brigada Militar (BM) está sendo orientada e irá trabalhar para combater aglomerações à beira mar.

O prefeito de Arroio do Sal, Affonso Flávio Angst, Bolão (MDB), afirma que as medidas são necessárias , mas precisará de apoio da BM e do governo do Estado para fiscalizar as praias.

— Temos 27 quilômetros de faixa de areia, são 27 quilômetros de beira mar. Estamos com cerca de 30% a 40% dos nossos funcionários afastados por estarem contaminados ou com suspeita de covid-19. A preocupação é enorme —  aponta.

O prefeito irá se reunir na tarde desta terça com o gabinete de crise para articular ações para os próximos dias.

Em Torres, a situação é semelhante. Com o fechamento da orla, os hotéis da cidade já começaram a receber ligações de pessoas que se hospedariam nos próximos dias. O secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Torres, Fernando Néry, afirma que não concorda com o fechamento da faixa de areia. Ele questiona ainda quem irá fiscalizar a circulação à beira-mar, uma vez que os fiscais da prefeitura e a Brigada Militar já estão sobrecarregados e sem efetivo para atuar em diversas frentes.

— Pedimos que as pessoas frequentem locais abertos, e agora as praias estarão fechadas? Acredito que essa segunda onda veio nos alertar que nos infectamos por descuido, então precisamos, sim, usar a máscara, manter os cuidados e evitar aglomerações, mas penso que fechar a beira-mar não é a melhor decisão. Ficamos de mãos atadas porque não concordo, mas precisamos cumprir as medidas. Fechar o Litoral é um desaforo, até porque não se cogita fechar a Serra —  afirma.

Impacto no turismo e na economia

A medida também preocupa o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte (Shrbs-LN), que tinha expectativa de movimento expressivo na região para recuperar a economia.

—  Nos preparamos com treinamentos online com a questão de segurança alimentar, atendimento aos hóspedes, novos equipamentos e estruturas de limpeza para receber os turistas na temporada — diz a presidente do sindicato Ivone Ferraz, ao ressaltar que os hotéis e restaurantes não irão fechar as portas.

O Shrbs-LN, que tinha expectativa de que o número de turistas chegasse a 3 milhões na região nesta temporada, já sente redução no número de reservas em hotéis. No verão passado, 2,5 milhões ocuparam o Litoral Norte.

O prefeito de Arroio do Sal também teme as consequências econômicas desse novo decreto:

— O impacto dessa medida será grande porque o comércio e os hotéis já estavam se preparando para o veraneio. Fizeram compras e contratações e será bem complicado economicamente.

Já o secretário de Turismo de Torres destaca que o impacto no setor será sentido nos próximos dias:

— Precisamos de um pouco de tempo para ver de que forma isso vai impactar no veranista para saber se as pessoas vão deixar de vir para Torres em virtude da praia estar interditada ou não. Com certeza o fechamento da orla vai acabar com o nosso principal atrativo.

Os casos em Torres têm crescido nas últimas semanas, sendo que o próprio secretário e o prefeito de Torres, Carlos Souza (PP), foram contaminados pelo vírus. Segundo o secretário, o prefeito que está internado em Porto Alegre. Ele se recuperou da pneumonia e do quadro infeccioso de covid-19 e deve receber alta nesta terça para seguir o tratamento em casa.

 

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