Molusco conhecido por ‘dragão azul’ é encontrado por salva-vidas em praia de Salvador

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Um tipo de molusco conhecido como dragão azul foi encontrado na última semana por um salva-vidas na praia de Jaguaribe, em Salvador. O animal é predador das caravelas e não oferece perigo ao ser humano.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), esse foi o primeiro registro do animal nas praias do estado.

Entretanto, a aparição do dragão azul, que vive no Oceano Atlântico, tem sido frequente nos últimos anos, apesar de rara no litoral baiano. A informação foi divulgada pelo doutor em Isologia, especialista em animais marinhos e professor da Universidade Federal de Alagoas / Penedo, Cláudio Sampaio.

“Nessa época do ano, no inverno, são mais frequente os ventos de sul e de leste, fazendo com que muitos animais que vivem flutuando nos oceanos, em águas mais afastadas da costa, sejam lançados nas praias. Águas-vivas e caravelas, além do lixo que flutua, são mais facilmente observados pelos banhistas”, contou.

“O dragão azul, por também flutuar e comer as águas-vivas e caravelas são encontrados encalhados nas praias, em 2009 eu encontrei oito na Praia do Forte, mas tem registros em Pernambuco, Alagoas e outros estados, até o Rio Grande do Sul. O fato de estar aparecendo em maior número no litoral baiano, pode ser fruto da ação dos ventos, da popularização das mídias sociais e aplicativos de comunicação, como também de um maior número de banhistas nas praias e não necessariamente uma maior abundância nesse estado”, disse o especialista.

Dragão azul encontrado na praia de Jaguaribe — Foto: Jou Alexandre de Jesus

Dragão azul encontrado na praia de Jaguaribe — Foto: Jou Alexandre de Jesus

O Glaucus atlanticus, conhecido por lesma do mar ou dragão azul, é mais visto na costa da Europa, África, água subtropical e tropical. De acordo com Claudio Sampaio, eles têm entre três e quatro centímetros, e deve ter chegado em Salvador por causa de desvio de correntes marítimas ou mudança de ventos.

“Ele é um animal pequeno, possui 4 cm de comprimento e atraente, devido a sua forma e colorido. Está amplamente distribuído nos oceanos, mas são relativamente raros os registros no Brasil. Devido ao seu pequeno tamanho e poucos estudos, muitos dragões azuis encalhavam e a informação era perdida, pois são facilmente soterrados pela areia da praia ou misturado ao lixo, águas-vivas e caravelas, seu alimento natural”.

“Com o desenvolvimento de aplicativos de comunicação, grupos de WhatsApp e mídias sociais, o que antes passava despercebido, passou a ganhar espaço na internet, gerando curiosidade”, disse o professor.

Segundo informações de Claudio Sampaio, existem notícias falsas espalhadas nas redes sociais, que apontam o dragão azul como um animal que não vive no oceano e perigoso para o ser humano.

“O que caracteriza um molusco? A concha. Quando a gente pensa em moluscos imaginamos caracóis, ostras e búzios. Mas o dragão azul é um molusco, uma lesma, que renunciou às conchas e ficaram desprotegidos, flutuando nos oceanos. Então a defesa do dragão azul é concentrar algumas cédulas urticantes de suas presas no corpo, mas apenas para defesa”, contou.

Registro do dragão azul em Praia do Forte, feita pelo biólogo Claudio Sampaio — Foto: Claudio Sampaio / Ufal Penedo

Registro do dragão azul em Praia do Forte, feita pelo biólogo Claudio Sampaio — Foto: Claudio Sampaio / Ufal Penedo

Claudio Sampaio também informou que não há registros de pessoas no Brasil que se queimaram ou tiveram desconfortos ao pegar em um dragão azul.

“A curiosidade e o interesse crescente pelo dragão azul em tempos de distanciamento social pelo Covid, fez surgir algumas informações equivocadas em grupos de WhatsApp. Textos que tratavam esses belos animais como invasores, não nativo do oceano Atlântico, o que não é verdade. Observando o seu nome científico Glaucus atlanticus, notamos uma clara relação com esse oceano”.

A recomendação é de que os banhistas não mexam nos animais quando encontrá-los na areias. Geralmente, o dragão azul, assim como águas-vivas, encalham ainda vivos e depois acabam morrendo. Também existe a possibilidade dele ser levado de volta pela maré.

“Outro equívoco, amplamente divulgado e que ainda circula nos grupos de WhatsApp, que o dragão azul pode causar graves acidentes a banhistas, semelhantes as queimaduras das águas-vivas e caravelas. O fato de alimentar-se de águas-vivas e caravelas, o dragão azul ingere, também, suas células urticantes, mas não potencializa o veneno desses animais. Não são conhecidos qualquer caso de acidente”, explicou Claúdio Sampaio.

O Ibama informou que monitora junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade a presença do animal na Bahia.

“O que recomendamos, ao encontrar o dragão azul ou qualquer outro animal encalhado, vivo ou morto, nas praias que sejam fotografados e avisados aos laboratórios, centros de pesquisa, museus, Ongs e órgãos ambientais. Estudar os animais oceânicos não é fácil ou barato, então animais encalhados, mesmo pequenos e mortos, são uma fonte inesgotável de conhecimento, inclusive para você.”, pediu o especialista.

 

 

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